CLOROQUINA VS COVID-19
- O Cotidiano
- 4 de jun. de 2020
- 2 min de leitura
Por Adams Otávio
Na segunda-feira, 25 de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu temporariamente todos os testes com o medicamento, recomendando pelos presidentes do Brasil e dos EUA, o uso da cloroquina no combate à covid-19 vem sendo um dos pivôs para a saída de dois ministros da Saúde no Brasil é tema de discussão em todo o mundo. A droga é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro no tratamento da doença, mesmo sem ter ainda sua eficácia cientificamente comprovada.
Em 20 de maio uma quarta-feira, o Ministério da Saúde incluiu a cloroquina e seu derivado hidroxicloroquina, em uma nota técnica com orientações sobre o tratamento para pacientes com sintomas leves de covid-19. De acordo com o documento divulgado pela pasta, cabe ao médico a decisão sobre prescrever ou não a substância, sendo necessária também a vontade do paciente, comprovando sua declaração com a assinatura do termo de ciência e consentimento.

(Foto Reprodução)
Mas o que se sabe sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina, defendida por alguns como um tratamento milagroso contra a Covid-19.
A cloroquina é prescrita contra malária e seu derivado, a hidroxicloroquina (HCQ), é prescrito contra lúpus ou artrite reumatoide. Essas moléculas conhecidas e baratas suscitaram grandes esperanças mas estão longe de ser as únicas testadas. Mais de 800 ensaios clínicos procuram avaliar dezenas de tratamentos em potencial, de acordo com a prestigiada revista científica inglesa sobre medicina "The Lancet", que também publicou na sexta-feira (22) de maio, o resultado de uma ampla pesquisa sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Tendo a conclusão de que não foi encontrado benefício no uso do medicamento e houve piora cardíaca dos pacientes tratados com a cloroquina.
Os dados foram coletados em 671 hospitais de seis continentes e incluem pacientes hospitalizados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril com diagnóstico positivo da doença.
A pesquisa foi feita com 96.032 pacientes com idade média de 53,8 anos e um numero semelhante entre homens (53,7%) e mulheres (46,3%). Desses, 14.888 pacientes foram divididos em quatro grupos: 1.868 receberam cloroquina, 3.783 receberam cloroquina com um macrolídeo, 3.016 receberam hidroxicloroquina e 6.221 receberam hidroxicloroquina com um macrolídeo. Os demais pacientes (81.144) formaram o chamado grupo de controle, do qual não recebeu os medicamentos para ser comparada a efetividade do tratamento dos demais.
A aclamação em torno da hidroxicloroquina se intensificou quando Trump começou a tomá-la diariamente, como medida preventiva.
Um estudo norte-americano aplicado em hospitais de Nova York e publicado no início de maio na revista americana NEJM mostra que a hidroxicloroquina não melhorou, nem prejudicou significativamente a condição de pacientes críticos.
A cloroquina especialmente, mas também a hidroxicloroquina, são medicamentos cujos efeitos colaterais podem ser importantes e até graves. Os estudos demonstraram efeitos in vitro para SARS-Cov2, mas resultados científicos in vitro geralmente não são encontrados nos seres humanos. Até o momento, não existem estudos que atendam a todos os critérios de uma vez.
Nos Estados Unidos a agência de medicamentos (FDA) autorizou o uso do medicamento, mas apenas no hospital e de maneira adaptada. Jamais de forma preventiva, como Trump se gaba de fazer.
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