QUARENTENA PODE AUMENTAR O CONSUMO DE ÁLCOOL
- O Cotidiano

- 7 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Por Adames Otávio

(Foto Divulgação)
O isolamento social causado pela pandemia do coronavírus impôs drásticas mudanças nas rotinas de todo o mundo. Uma dessas mudanças diz a respeito a um habito antigo e muito popular: consumo de bebidas alcoólicas. O fato de restaurantes e bares estarem fechados obrigou as pessoas a passar por uma adaptação. Happy hours virtuais, reuniões de amigos em aplicativos de videoconferência se tornaram tendência.
Os perigos dos excessos chamaram a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que orientou que governos e empresas reduzam a venda de álcool durante a quarentena. O órgão lembrou que a bebida enfraquece o sistema imunológico e portanto, deixa seus usuários mais propensos a contrair Covid-19 –, além de estimular comportamentos violentos.
O uso no entanto, não traz grandes complicações e pode, de fato, ser uma válvula de escape para os consumidores. Além das reuniões virtuais, as lives musicais também têm sido um bom pretexto para levantar copos – em vários casos, os artistas também têm participado da bebedeira. “Tenho bebido bastante. Praticamente todo dia tomo uma cerveja ou drinks elaborados com vodca (corote). Não é a mesma coisa, mas acaba matando a vontade e a saudade de sair pra beber”, conta a Maria Eduarda, estudante de Cinema e audivisual de 21 anos.
“Antes bebia menos, porque tinha outras formas de lazer. Tomo principalmente vinho e vodca, assistindo às lives, para ter um pouco de tranquilidade, de paz. Se eu ficar o dia todo vendo as notícias, entraria em pânico”, completa a Lilia Rolim, 26 anos, estudante de Publicidade Propaganda.
Os números no exterior, chegam dados expressivos de empresas de estudo de mercado. Na Rússia, as vendas de vodca em mercado subiram 65% de fevereiro para março, segundo estudo da consultoria GfK. Nos Estados Unidos, o crescimento das vendas no fim de março, quando a quarentena foi decretada no país, foi de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior, aponta a consultoria Nielsen, dando a entender que pessoas estavam “estocando” bebida nos primeiros dias de pandemia.
Por aqui, no entanto, não há dados estatísticos consolidados provando que os brasileiros estejam bebendo mais neste momento. A Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) aponta que o mercado de cachaça, cerveja e vinhos apresentou uma queda de faturamento significativa de 52%, entre 15 e 30 de março. O resultado é facilmente correlacionado ao fechamento de estabelecimentos comerciais – pesquisa encomendada pela da própria Abrabe à consultoria KPMG mostrou que 61% do consumo no país se dá em bares e restaurantes.

(Foto Divulgação)
Quem segue com sede, no entanto, ainda consegue se virar em supermercados físicos e virtuais. As redes Extra e Pão de Açúcar registraram alta de quase 30% nas vendas de vinho durante a Páscoa em comparação com o mesmo período em 2019, em suas lojas físicas e de e-commerce, informou a empresa GPA. As vendas por delivery também cresceram, mas estão longe de ser a salvação do mercado.
A cervejaria Ambev confirma um aumento na demanda de seus serviços de entregas em domicílio, mas ressalta que os números são insignificantes em comparação às perdas totais com a quarentena. Segundo cálculos internos de membros do setor, as vendas com delivery teriam de subir cerca de 26.000% para compensar o prejuízo
Em resumo, ainda que não haja dados conclusivos nem estudos de comportamento mais amplos, é provável que as pessoas estejam bebendo menos. Afinal, por aqui, nada substitui a boa e velha mesa de bar.




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